Atendendo a um requerimento de autoria da vereadora Dra Cybelle Tristão (PSDB), a Câmara Municipal de Aparecida de Goiânia promoveu audiência pública, na manhã desta sexta-feira, 27, em homenagem ao Dia Nacional da Consciência Negra, comemorado todo dia 20 de novembro. A audiência contou com a presença da diretora de igualdade racial, órgão pertencente à secretaria municipal de cultura, Sandra Martins, do comandante geral do 2º CRPM, Coronel Salles, de representantes quilombolas e da raça negra e de vários vereadores.
A autora da proposta, vereadora Cybelle, abriu o debate pontuando a importância da data hoje homenageada. “Trata-se de um dia muito importante, mas que infelizmente não recebe a devida relevância. Essa data aqui em Aparecida já foi feriado, mas, independente disso, o mais importante é combater e superar a desigualdade que ainda persiste em grande escala. Precisamos mudar nossa postura do dia a dia e só assim chegaremos a uma situação de igualdade. Os negros foram alforriados da escravidão, porém ainda esperam a alforria social”, discursou a autora da audiência.
O presidente da Câmara, vereador Gustavo Mendanha (PMDB) destacou a importância do negro no Brasil. “Sem dúvida é uma data memorável para todos os brasileiros. A raça negra sempre deu e continua dando significativa contribuição para o povo brasileiro em todos os setores sociais, por isso esta audiência é uma demonstração de nosso respeito e ao mesmo tempo uma homenagem merecida”, afirmou o presidente da casa legislativa.
A diretora de igualdade racial, Sandra Martins procurou enfatizar as melhorias alcançadas pelos negros em Aparecida. “Inicialmente, parabenizo a câmara por ter promovido a audiência. Além disso, é preciso falar dos avanços que tivemos em Aparecida. Hoje, temos um prefeito que tem uma consciência negra, que tem uma preocupação com essa causa desde o primeiro mandato. A criação desse órgão que ocupo hoje é uma prova disso, pois permitiu várias conquistas de políticas públicas para negros e quilombolas. E meu pedido nesse dia não é que tenham tolerância com a gente e, sim, que nos respeitem. É isso que busco”, cobrou Sandra.
Em contrapartida, o representante quilombola do jardim cascata, Edson Ferreira, usou o púlpito para demonstrar toda sua insatisfação com a situação do negro em Aparecida. “Esse foi o município que escolhi pra morar, pra votar, pra participar da vida social e o que vejo aqui é um grande desrespeito de Aparecida com o negro. O número de negros no município chega a 80% e não somos respeitados nessa cidade”, criticou Edson.
Entrando em um viés histórico, o zelador de orixá, Fernando, que é responsável por cuidar, zelar pelas firmezas dos Orixás dentro do Templo, aproveitou o evento para esclarecer os grandes erros históricos cometidos por uma sociedade acostumada a negligenciar o negro. “As pessoas esquecem que os judeus, que promoveu o êxodo, eram negros e não brancos, assim como os grandes faraós, que levantaram o Egito. O que falta não é consciência negra, é consciência histórica do que é o negro para o Brasil”, apontou Fernando.
Por fim, o vereador Valdemar Suldamerica (PDT), um dos representantes da raça negra na câmara municipal, com intuito de demonstrar a força da raça negra, narrou um emocionante episódio de discriminação durante sua infância para falar o quanto isso deu força para que ele tivesse sucesso na vida.
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